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O OFÍCIO DIVINO

Sete vezes no dia te louvo pelos juízos da tua justiça. Muita paz têm os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço. Senhor, tenho esperado na tua salvação e tenho cumprido os teus mandamentos.

Salmo 119, 164-166

Folhas de música

Calendário

Litúrgico

Consagrando o dia

Desde a antiguidade, o dia do cristão é pontuado por momentos fixos de oração. Há sete momentos específicos no total (chamados de horas canônicas), refletindo a compreensão antiga e bíblica do número sete como um sinal de conclusão e perfeição. Este ciclo de oração é conhecido como Ofício Divino e pode ser compreendido como uma conversa contínua de oração entre Deus e a humanidade, que continuou ininterrupta por séculos.

Os vários ofícios ao longo do dia têm o saltério em seu coração. Tudo o mais se encaixa nos salmos. Os Salmos de Davi são o antigo hinário da Igreja do Antigo e do Novo Testamento, pois eles ecoam a vida, tradição e experiência do povo de Deus e seu relacionamento com ele. É por meio dos salmos que oferecemos penitência e louvor, lamentamos nossa tristeza e expressamos nossa alegria, damos voz aos nossos temores e declaramos nossa confiança em Deus. Em seu panegírico sobre os Salmos de Davi, São João Crisóstomo diz:

Se mantivermos vigília na igreja, Davi vem primeiro, por último e é o central. Se bem cedo pela manhã queremos canções e hinos, primeiro, último e central é Davi novamente. Se estamos ocupados com as solenidades fúnebres daqueles que adormeceram, ou se virgens se sentam em casa e fiam, Davi é o primeiro, o último e o central. Que maravilha incrível! Muitos que fizeram pouco progresso na literatura sabem o Saltério de cor. Nem é apenas nas cidades e igrejas que Davi é famoso; no mercado da aldeia, no deserto e em terras inabitáveis, ele excita o louvor a Deus. Nos mosteiros, entre os sagrados coros dos exércitos angelicais, Davi é o primeiro, o último e o central. Nos conventos das virgens, onde estão as comunidades de quem imita Maria; nos desertos onde há homens crucificados para o mundo, que vivem sua vida no céu com Deus, Davi é o primeiro, o último e o central.

Todos os outros homens à noite são dominados pelo sono. Davi sozinho está ativo, e reunindo os servos de Deus em bandos seráficos, ele transforma a terra no céu e converte os homens em anjos.

Centrado nos salmos de Davi, o Ofício Divino constitui o fundamento da vida dos mosteiros, tanto que não menos de vinte capítulos da Santa Regra de São Bento são dedicados a ele. Para leigos, que vivem e trabalham no mundo, orar os sete ofícios todos os dias pode ser um desafio, e pode ser que administremos apenas um ou dois ofícios como parte de nossas orações da manhã e da noite, mas cada vez que oramos pelo Ofício, entramos nesta conversa, mesmo que apenas por um tempo, junto com os santos que nos precederam ao longo dos tempos, e com nossas irmãs e irmãos em Cristo ao redor do mundo. Desta forma, através da oração regular, fortalecemos nossa comunhão com Deus e com os outros.

Em nossa Fraternidade costumamos rezar o Ofício Divino em comunidade nos momentos de retiro, ou mesmo nas solenidades e dias festivos, privilegiando as Vésperas e Laudes. Além disso, recomendamos e encorajamos os irmãos e irmãs à reservarem ao menos uma das horas do dia para a recitação do Ofício Divino, seja ao amanhecer, ao meio dia, ao entardecer ou antes de dormir. 

Diferentes denominações cristãs e igrejas recitam o Ofício Divino, também chamado de Liturgia das Horas, Breviário, Horas Canônicas, ou como na tradição ortodoxa, Horologion. Na internet encontram-se vários sites de diversas denominações que apresentam suas versões próprias do Ofício Divino. Caso você tenha curiosidade, acesse o link Biblioteca e conheça algumas.

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Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos a Deus, nosso Salvador.
Vamos à sua presença e dêmos graças, 
ao som de cânticos aclamemos o Senhor. 

Salmo 94(95)

Natureza e finalidade de cada hora

Em nossa Fraternidade, as Horas Litúrgicas seguem o esquema consagrado pela tradição cristã do ocidente, e que encontramos nos relatos e Regras monásticas do pai do monasticismo ocidental, São João Cassiano (360-435), monge de Marselha na atual França e reconhecido como um dos padres do deserto, além da Regra de São Bento de Núrsia (480-547), deixada aos seus monges. 

Basicamente o Ofício Divino está estruturado da seguinte forma:

- Ofício de leitura (vigília noturna de leitura)

– Laudes (oração da manhã)

– Tércia (à terceira hora, isto é, a meio da manhã)

– Sexta (à sexta hora, isto é, ao meio dia)

– Noa (à hora nona, isto é, a meio da tarde)

– Vésperas (ao entardecer, à hora do aparecimento da estrela Vésper, a estrela da tarde)

– Completas (ao deitar)

As Vésperas

Desde os primeiros tempos, os cristãos marcaram o novo dia com o pôr do sol. Esta é uma herança da Antiga Aliança que continua até nossos dias. À medida em que as trevas começam a cair e o dia atual chega ao fim, voltamos nossos corações na expectativa para o Cristo que está por vir, espalhando as trevas com sua luz radiante.

Todas as noites, os cristãos saúdam a celebração litúrgica do dia seguinte com o ofício das Vésperas,  que constitui a principal oferta noturna de culto.

Isso assume a forma do canto de vários salmos, que variam de um dia para o outro. Cada um dos salmos é apresentado e concluído com uma breve antífona, que está relacionada à festa, santo ou mistério que está sendo celebrado. Também estão incluídos nas Vésperas várias orações e responsórios, bem como o hino Phos Hilaron, que é um dos mais antigos dos hinos cristãos em uso contínuo, datando pelo menos do século II.

Ó alegre Luz da sagrada glória
do Pai imortal, celestial, sagrado e abençoado;
Ó Jesus Cristo;
vindo ao pôr do sol
e contemplando a luz do entardecer,
louvamos a Deus: Pai, Filho e Espírito Santo.
Pois é certo adorar-Te em todos os momentos com vozes de louvor,
ó Filho de Deus, Doador da Vida.
Portanto, todo o mundo te glorifica! Amém.

O Ofício de leitura

Este Ofício tem um tom contemplativo e meditativo que lhe vem da leitura da Escritura, dos Santos Padres e da vida dos Santos que o caracterizam. Dado o seu carácter diurno e noturno, pode ser rezado a qualquer hora do dia ou da noite. Por isso não se lhe chama Hora, como a todas as demais Horas, mas simplesmente Ofício: Ofício de Leitura. No entanto, fica sempre de pé o convite para que se celebre a Vigília noturna, sobretudo nas grandes Solenidades, nos Domingos e Festas. 

As Laudes

A natureza característica de Laudes é a matinal. Com as Laudes consagram-se a Deus os primeiros movimentos do nosso espírito e as primícias da nossa atividade diária. Elas preparam-nos para as ocupações habituais.

As Laudes, que se celebram ao nascer do novo dia, comemoram a ressurreição de Cristo, que das "alturas nos visita como sol nascente" (Lc 1,78).

Uma característica das Laudes são os cânticos bíblicos, que variam de um dia para o outro.

As pequenas horas

As pequenas horas são curtos ofícios de salmos e orações que são feitos durante o dia. Eles são nomeados de acordo com os horários do dia em que costumam ser orados (assumindo um horário padronizado de nascer do sol às 6h da manhã).

Tércia - A Terceira Hora, sendo 9h.
Sexta -  A sexta hora, sendo meio-dia.
Noa - A Nona Hora, sendo 15h.

Junto com as Completas, elas formam orações ideais para serem ditas ao longo do dia individualmente ou em grupo, ou em família em casa.

As Completas

"Quando o dia termina, o vendedor se senta e conta seus lucros; mas o obreiro da virtude o faz quando a salmodia termina." - São João Clímaco.

As Completas são o último ofício do dia, oradas imediatamente antes de ir para a cama. Por esta razão, é praticamente invariável, com salmos e orações sendo os mesmos dia após dia. 

No ofício de Completas, voltamos nossas mentes para o nosso descanso, pedindo a proteção de Deus para nosso descanso noturno, como também nos preparamos para ter nosso descanso final na sepultura, enquanto aguardamos a ressurreição.

A característica geral das Completas é de confiança em Deus. Não tem quase nenhuma ligação com o Ofício que foi celebrado nesse dia, exceto no sábado e no Domingo, por fazer referência à Ressurreição. 

Fontes:

MONTEIRO, Delfim João Machado. Liturgia das Horas Webapp. Disponível em: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/5801/1/16447_DelfimJoaoMachadoMonteiro.pdf. Acesso em jun.2020. 

The Divine Office, The Church of St Melangell of Powys. Disponível em: https://www.orthodoxmanchester.org.uk/thedivineoffice.htm. Acesso em jun.2020.

Folhas de música e uma cruz

Salve, Rainha

Aqui está um vídeo da Irmã Bárbara de nossa comunidade Betânia na França, cantando o Salve Regina, a última antífona cantada à Mãe de Deus no final das Completas

Salve, Rainha, mãe de misericórdia,
vida, doçura, esperança nossa, salve!
A vós bradamos os degredados filhos de Eva.
A vós suspiramos, gemendo e chorando
neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa,
esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei,
e depois deste desterro mostrai-nos Jesus,
bendito fruto do vosso ventre,
Ó clemente, ó piedosa,
ó doce sempre Virgem Maria

V.: Rogai por nós santa Mãe de Deus
R.: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

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